Caio Vinicus
E quando todas as palavras cessarem e somente existirem os sentimentos, ai sim poderemos nos entregar de forma plena a tudo aquilo que acreditamos às vezes as palavras são ditas por meros motivos dos quais nós não sabemos as conseqüências, acreditamos que ser indireto é uma forma de mostrar a verdade que acreditamos e que por pressão queremos que o outro acredite, quando falamos diretamente nos julgamos ser sinceros e não sabemos que às vezes somos rudes e hipócritas, pois metade daquilo que pronunciamos não cumprimos nem por pressão.
Quando as palavras cessarem teremos a sensibilidade aflorada, quem sabe o que poderemos realizar depois disso, será que seremos mais irracionais, ou será que nossa boca fala tão alto que nossa mente e coração não podem ouvir o que realmente é importante, talvez quando as palavras cessarem olharemos o mundo e a vida com outros olhos, talvez acreditemos no futuro mais verdadeiramente, e nossas duvidas e incertezas sejam substituídas por esperança e fé, que hoje nos falta em quase todos os momentos, e quem sabe quando as palavras cessarem poderemos colocar nossas cabeças no travesseiro ter aquela noite de sono que não temos desde a infância, somente pela falta de tempo para sentir o que nos falta, o que nos sobra, quando era pequeno eu sabia quando doía, eu pedia ajuda ou pedia que minha mãe deixasse a luz do quarto acesa só para que eu pudesse dormir mais seguro, da forma que eu acreditava. Hoje deitamos para descansar da fadiga do dia a dia, e nem nos preocupamos se vamos sonhar ou não, nossos sonhos foram substituídos por programações de negócios, provas inacabadas, engarrafamentos, atrasos e preocupações, desde o açúcar que falta a doença terminal de um familiar, por causa das palavras vivemos em extremos, não sentimos seu poder, só o julgamos previamente para não precisar pensar depois. O mais perto hoje em dia da reflexão que chegamos é quando estamos a desfrutar uma boa musica que nos lembre algo de um tempo que não volta mais.
Quando as palavras cessarem estaremos mais perto de um autocontrole, de uma vida mais plena, eu não acredito muito em vida plena, porque até os mais sentimentais tem problemas, eu sei que quando as palavras cessarem eu poderei pesar mais em mim do que nas respostas que tenho que dar, e nas poucas e boas que tenho que ouvir, quando as palavras realmente cessarem poderemos ouvir a mais plena voz...a voz de Deus que todos os dias fala um pouco para nós e as vezes esquecemos de usar aquilo que acreditamos ser a parte principal do sentimento, o nosso coração.
Caio Vinicus
“Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, doem. Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim. Mas o que mais dói é a saudade. Saudade de um irmão que mora longe. Saudade de uma cachoeira da infância. Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais. Saudade do pai que morreu, do amigo imaginário que nunca existiu. Saudade de uma cidade.
Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa. Doem essas saudades todas. Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama. Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença, e até da ausência consentida.
Você podia ficar na sala e ela no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá. Você podia ir para o dentista e ela para a faculdade, mas sabiam-se onde. Você podia ficar o dia sem vê-la, ela o dia sem vê-lo, mas sabiam-se amanhã. Contudo, quando o amor de um acaba, ou torna-se menor, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.
Saudade é basicamente não saber. Não saber mais se ela continua fungando num ambiente mais frio. Não saber se ele continua sem fazer a barba por causa daquela alergia. Não saber se ela ainda usa aquela saia. Não saber se ele foi na consulta com o dermatologista como prometeu. Não saber se ela tem comido bem por causa daquela mania de estar sempre ocupada, se ele tem assistido as aulas de inglês, se aprendeu a entrar na Internet e encontrar a página do Diário Oficial, se ela aprendeu a estacionar entre dois carros, se ele continua preferindo Malzebier, se ela continua preferindo suco, se ele continua sorrindo com aqueles olhinhos apertados, se ela continua dançando daquele jeitinho enlouquecedor, se ele continua cantando tão bem, se ela continua detestando o McDonald's, se ele continua amando, se ela continua a chorar até nas comédias.
Saudade é não saber mesmo! Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche. Saudade é não querer saber se ela está com outro, e ao mesmo tempo querer. É não saber se ele está feliz, e ao mesmo tempo perguntar a todos os amigos por isso... É não querer saber se ele está mais magro, se ela está mais bela. Saudade é nunca mais saber de quem se ama, e ainda assim doer. Saudade é isso que senti enquanto estive escrevendo o que você, provavelmente, está sentindo agora depois que acabou de ler...”
(Miguel Falabella)